Ainda o tenho

Chegou o tempo da chuva, e ela exige calçado apropriado. Não é que ligue muito a isso, para mim é sempre sapatilhas, mas não gosto muito de andar com os pés molhados, por isso tento, quando está a chover, calçar alguma coisa contra a chuva.
Naquele dia por acaso não estava a chover, levei-as porque tu pedis-te, querias vê-las e assim conseguiste. Mas eu também gostava de algo nas tuas e assim o consegui também. Foi um dia daqueles que só eram possíveis contigo, foi um dia em que o sol brilhava de verdade e eu sorria com vontade a olhar-te nos olhos, que olhos esses...
No fim de semana esteve a chover... E eu, acordei com a ressaca e tive que sair à pressa, calcei-as sem pensar e sai porta fora. Pelo caminho olhei para os pés... Lá estavas tu, a tua marca, as tuas lembranças. Fechei os olhos e por momentos quase me sentia como naquele dia... Só que o sol não brilhou e olhei em redor e os teus olhos não estavam lá, é pena... Pois eram grandes olhos.
Não me sinto capaz de os tirar dali... Não consigo arrancar-te de mim. Talvez um dia, quem sabe...
Chegou o tempo da chuva e com ele chegas tu também e eu... Eu vejo-te passar apenas.