sexta-feira, 24 de junho de 2011

3 am





Estava deitada, imóvel a olhar para o tecto, o sono não quis comparecer à nossa reunião, á reunião de todos os dias marcada, chegou tarde, muito tarde.

Apetece-me escrever... Escrever para alguém da outra parte do mundo, quem não me conheça, que não saiba quem sou, não conheça onde vivo nem para onde vou. Apetece-me escrever uma carta, uma carta daquelas naquele papel beije e duro, e antigo. Uma carta mesmo como as de antigamente, com a letra cuidadosamente desenhada e redonda, palavras de outra altura, e alma que faz com que uma lágrima caia no papel e faça uma mancha na tinta, o que não faz com que a letra cuidadosamente desenhada e redonda pareça feia, mas sim sincera.
Gostava de mandar essa carta com o vento, mas um vento muito forte, tão forte que em 5min a carta já não fizesse parte de mim, mas sim de outrem. Gostava de contar o que gosto, o que não gosto, os meus defeitos que para alguns são qualidades e as minhas qualidades que para alguns são defeitos. Descarregar os meus segredos, as coisas que fazem de mim eu própria e não outra pessoa. Contar o que fiz, o que vou fazer e o que sonho fazer... Os sonhos são uma perspectiva do pensamento, e pensamentos tenho muitos, sonhos nem por isso, só um ... Sonho que me permitam fazer o que mais gosto, o que me faz sentir livre e sem pensamentos, sem necessidade de escrever uma carta a um estranho longínquo.
Mas continuava ali, deitada e imóvel à espera do sono, que veio tarde. Dava voltas e voltas à procura dele e nada, limitei-me a sentar-me e chorei, mas nem isso me era permitido fazer... Elas não saiam, os olhos não deixavam e o ar começava a ser escaço, não sabia o que fazer, apetecia-me sair e voltar só de manhã e aí o sono já tinha chegado.

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